E pegou-se pensando no "se".
E sentiu-se um homem covarde.
Deveria ter ido atrás dela naquela platarfoma de trem. Aliás nem deveria tê-la deixado ir até aquela platarfoma.
E lembrou-se da música.
E sentiu-se um homem triste.
O que teria acontecido se ele tivesse coragem e simplesmente não deixasse as coisas irem tão longe? Se não deixasse as mágoas se aprofundarem daquela maneira.
E olhou-se por dentro.
E sentiu-se patético.
Aquelas palavras dela de muitos anos atrás ressoaram em sua mente e ele imaginou que ela não era do tipo que se permitiria ficar remoendo o que seria do que não aconteceu.
E encarou-se no espelho.
E decidiu-se.
Ia por fim esquecer.
A última gota da chuva caiu. Caiu na pontinha do sapato, retirando a poeira e deixando uma marquinha redonda como a de uma última lágrima numa folha de papel.
"Mas se o mundo é mesmo parecido com o que vejo, prefiro acreditar no mundo do meu jeito"
terça-feira, 30 de novembro de 2010
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Conversinhas noturnas 1
- Amas-me?
- Oras Daniel. Por que pergunta se já sabes a resposta?
- Creio que não me amas, pelo menos assim me parece.
- Mas já não lho disse tantas vezes? Carece dizê-lo novamente? Pois então, para que fiques satisfeito, sim, amo-te. É suficiente?
- Quanto me amas?
- Mais essa... Amo-te deste tamanhão assim. Basta-te?
- Não, quem ama "deste tamanhão assim" sou eu, que amo a ti. Quanto a você, tenho agora certeza, não me ama e aqui está por pura conveniência. Mas deixemos isto de lado e durmamos. Boa noite Tereza.
- Durma bem, Daniel.
...
- Ainda assim te amo, Tereza. Te amo muito, sabias?
- Ah Daniel, vai dormir!
- Oras Daniel. Por que pergunta se já sabes a resposta?
- Creio que não me amas, pelo menos assim me parece.
- Mas já não lho disse tantas vezes? Carece dizê-lo novamente? Pois então, para que fiques satisfeito, sim, amo-te. É suficiente?
- Quanto me amas?
- Mais essa... Amo-te deste tamanhão assim. Basta-te?
- Não, quem ama "deste tamanhão assim" sou eu, que amo a ti. Quanto a você, tenho agora certeza, não me ama e aqui está por pura conveniência. Mas deixemos isto de lado e durmamos. Boa noite Tereza.
- Durma bem, Daniel.
...
- Ainda assim te amo, Tereza. Te amo muito, sabias?
- Ah Daniel, vai dormir!
domingo, 14 de novembro de 2010
"Te amo minha rosa escarlate, cujo perfume encantador mesmo de longe enlouquece"
Eis que sou mesmo uma rosa
Já sem cor, me desfazendo
Pois tão distante de ti
Eu estou enlouquecendo
Sem terra,água e luz
Como viverá uma flor?
Como, então, serei feliz
Vivendo sem teu amor?
Mal posso contar as horas
Pro momento de lhe ver
Vem, meu lindo jardineiro,
Eu me entrego a você.
Faz de mim o que quiser-
Me regue ou me despetale-
Desde que estejas comigo,
Qualquer toque seu me vale.
Claro que sendo eu rosa
Tenho sim os meus espinhos.
Retire-os todos de mim
E me dê o seu carinho.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
17/05/2010
E mesmo quando tudo se encontra bem,
Quando a Terra está na rotação correta,
Quando todas as peças do quebra-cabeças da vida estão se encaixando perfeitamente e já se pode vislumbrar o desenho quase formado,
O menino de calças listradas olha para o céu e sente o coração apertar.
Ele fita aquele imenso azul acima de sua cabeça e sua mente pensa em tantas coisas ao mesmo tempo que acaba não pensando em coisa alguma.
E o menino de calças listradas que antes sabia tudo que precisava saber para viver já não tem mais certeza de nada em sua vida. Na verdade neste momento o menino de calças listradas já nem tem consciência de que vive. Ele não sabe de seus sentimentos, não sabe o que quer, o que não quer, se ama, se odeia, não sabe se fica, se vai ou para onde vai. O menino de calças listradas não sabe nem mesmo onde está.
Na condição da ausência de si, a única coisa que o menino de calças listradas sente é aquela dor em seu coração, uma angústia inexplicável, que surge em meio a uma realidade perfeita. Ele não sabe mais o que é um coração, mas o seu incomoda, e mesmo sem boca, sem qualquer palavra expressa, grita, apela, pede ajuda. Ajuda pra quê? Ele também não sabe.
O dia prossegue perfeito.
O coração do menino de calças listradas palpita.
A multidão passa e ele segue em frente.
Não há outro caminho: não há escolhas disponíveis para quem não sabe escolher.
Agora ele é apenas um menino de calças listradas.
Ah! Que bela imensidão azul do céu!
Quando a Terra está na rotação correta,
Quando todas as peças do quebra-cabeças da vida estão se encaixando perfeitamente e já se pode vislumbrar o desenho quase formado,
O menino de calças listradas olha para o céu e sente o coração apertar.
Ele fita aquele imenso azul acima de sua cabeça e sua mente pensa em tantas coisas ao mesmo tempo que acaba não pensando em coisa alguma.
E o menino de calças listradas que antes sabia tudo que precisava saber para viver já não tem mais certeza de nada em sua vida. Na verdade neste momento o menino de calças listradas já nem tem consciência de que vive. Ele não sabe de seus sentimentos, não sabe o que quer, o que não quer, se ama, se odeia, não sabe se fica, se vai ou para onde vai. O menino de calças listradas não sabe nem mesmo onde está.
Na condição da ausência de si, a única coisa que o menino de calças listradas sente é aquela dor em seu coração, uma angústia inexplicável, que surge em meio a uma realidade perfeita. Ele não sabe mais o que é um coração, mas o seu incomoda, e mesmo sem boca, sem qualquer palavra expressa, grita, apela, pede ajuda. Ajuda pra quê? Ele também não sabe.
O dia prossegue perfeito.
O coração do menino de calças listradas palpita.
A multidão passa e ele segue em frente.
Não há outro caminho: não há escolhas disponíveis para quem não sabe escolher.
Agora ele é apenas um menino de calças listradas.
Ah! Que bela imensidão azul do céu!
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Em algum momento(APAIXONADO) de 2009 [4]...
Quando você me abraçou naquela plataforma, com a fumaça do trem prestes a partir fazendo nossos olhos marejarem e nos ajudando a esconder as lágrimas, eu senti que o mundo podia para de girar e eu não ligaria.
Aquele abraço - que naõ foi o primeiro nem o último - foi diferente, me fez sentir diferente, me fez amar você outra vez, me fez lembrar de todas as coisas doces que você já me disse.
Sim, lembrei de muitas palavras lindas, mas aquele abraço falou muito mais que você em toda nossa vida juntos. Ele dizia muito mais do que "Faça uma boa viagem", embora essas fossem as palavras que o acompanhassem - ele dizia "Eu não quero que você vá. Porque eu ainda te amo".
Enquanto nos soltávamos daquele abraço, eu tentava desesperadamente interromper meus devaneios e convencer a mim mesma que estava entendendo tudo errado. Foi quando você me deu o golpe de misericórdia e, sob pretexto de uma última foto, me puxou pela cintura para bem perto, a ponto de eu poder ouvir a sua respiração.
Entrei em pânico. Não queria que você sentisse o quanto meu coração estava batendo rápido por estar ali com você. Queria me desvencilhar e lhe negar o pedido da foto, mas simplesmente não conseguia, não tinha forças. E então notei um coração batendo tão rápido quanto o meu. Era o seu. E assim ficamos, levando muito mais tempo do que o realmente necessário para tirar aquela foto. E nossos corações, como se seguissem a regência de um maestro invisível aos nossos olhos, continuavam batendo juntos, no mesmo ritmo frenético, como se tocassem uma melodia em sincronia.
Desde aquele dia, muito tempo se passou. Eu entrei naquele trem e nossas vidas permanecem separadas até hoje. Mas quando as noites me parecem silenciosas demais e um turbilhão de pensamentos me impede de pegar no sono, eu abro uma gaveta tiro um monte livros e lá embaixo surge tímida uma foto que faz o meu coração bater mais forte.
Coloco os livros de volta cantarolando uma música não tão suave nem muito encantadora e que na verdade só existiu por un instante dentro de dois corações. Fecho os olhos. Já posso dormir.
Aquele abraço - que naõ foi o primeiro nem o último - foi diferente, me fez sentir diferente, me fez amar você outra vez, me fez lembrar de todas as coisas doces que você já me disse.
Sim, lembrei de muitas palavras lindas, mas aquele abraço falou muito mais que você em toda nossa vida juntos. Ele dizia muito mais do que "Faça uma boa viagem", embora essas fossem as palavras que o acompanhassem - ele dizia "Eu não quero que você vá. Porque eu ainda te amo".
Enquanto nos soltávamos daquele abraço, eu tentava desesperadamente interromper meus devaneios e convencer a mim mesma que estava entendendo tudo errado. Foi quando você me deu o golpe de misericórdia e, sob pretexto de uma última foto, me puxou pela cintura para bem perto, a ponto de eu poder ouvir a sua respiração.
Entrei em pânico. Não queria que você sentisse o quanto meu coração estava batendo rápido por estar ali com você. Queria me desvencilhar e lhe negar o pedido da foto, mas simplesmente não conseguia, não tinha forças. E então notei um coração batendo tão rápido quanto o meu. Era o seu. E assim ficamos, levando muito mais tempo do que o realmente necessário para tirar aquela foto. E nossos corações, como se seguissem a regência de um maestro invisível aos nossos olhos, continuavam batendo juntos, no mesmo ritmo frenético, como se tocassem uma melodia em sincronia.
Desde aquele dia, muito tempo se passou. Eu entrei naquele trem e nossas vidas permanecem separadas até hoje. Mas quando as noites me parecem silenciosas demais e um turbilhão de pensamentos me impede de pegar no sono, eu abro uma gaveta tiro um monte livros e lá embaixo surge tímida uma foto que faz o meu coração bater mais forte.
Coloco os livros de volta cantarolando uma música não tão suave nem muito encantadora e que na verdade só existiu por un instante dentro de dois corações. Fecho os olhos. Já posso dormir.
Dedicado à minha ídola *apanha* Raquel Aquino.
A menina que cativa e encanta com seus
superbemtrabalhados enredos.
A menina que cativa e encanta com seus
superbemtrabalhados enredos.
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